A 34A? ediA�A?o do SeminA?rio de ExtensA?o UniversitA?ria da RegiA?o Sul (Seurs) foi plural, diversa e inclusiva, da sua abertura ao encerramento. O evento aconteceu de 3 a 5 de agosto, no Instituto Federal Catarinense (IFC) a�� CampusA�CamboriA?, e teve como tema central a trA�ade Cidadania, Democracia e Movimentos Sociais.
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Foi na largada do evento que a palestra do professor Marcus AbA�lio Gomes Pereira (Universidade Federal de Minas Gerais) trouxe o tema Movimentos Sociais na EraA�Digital. Pertinente e atual, o assunto prendeu os 700 espectadores no AuditA?rio, pA?blico que havia lotado o local para acompanhar a abertura oficial do Seurs.
Com uma fala clara e objetiva, Marcus conduziu os ouvintes, durante duas horas, por um caminho construA�do a partir de conceitos teA?ricos e sociais, que passaram por trA?s momentos: 1. Movimentos sociais, cidadania e democracia a�� a tensA?o necessA?ria; 2. Movimentos sociais e internet a�� repertA?rios de aA�A?o; e 3. Problemas existentes.
Segundo o professor, nA?s vivemos em um mundo machista, sexista, racista, homofA?bico e classista, e, por isso, os movimentos sociais tA?m a funA�A?o de tensionar a democracia, questionar o seu significado e o seuA�status quo. a�?Os movimentos sociais contemporA?neos podem promover a democratizaA�A?o das relaA�A�es sociais dentro da sociedade civil, atravA�s da redefiniA�A?o de papA�is, normas, identidades (individuais e coletivas), conteA?dos e modos de interpretaA�A?o de discursos existentes na esfera pA?blicaa�?, frisa ele.
A� dentro desse contexto de debate democrA?tico que o conflito e a reflexA?o, abordados pelos movimentos sociais, criam e levam determinadas discussA�es ao A?mbito pA?blico. a�?Aqui temos o uso estratA�gico da mA�dia digital e da influA?ncia da opiniA?o pA?blica, para que novos atores e novas demandas surjam. Com esse novo formato de comunicaA�A?o, o pA?blico tem acesso a informaA�A�es para alA�m dos grandes grupos midiA?ticos existentes no Brasila�?, salienta ele.
Nesse sentido, o discurso que surge a partir da internet A� criado por canais autA?nomos e sem vA�nculo com o capital, e permite que o cidadA?o construa a sua reflexA?o sobre os diferentes tipos e formas de movimentos. a�?O que a internet trouxe de realmente novo A� a rearticulaA�A?o na produA�A?o de conteA?do. Assim, nA?s cidadA?os comuns podemos dar interpretaA�A?o aos fatosa�?, reforA�a Pereira.
As aA�A�es virtuais atreladas A�s mA�dias tradicionais (telefone, mA�dia impressa, manifestaA�A�es presenciais) dA?o ampla publicidade A�s informaA�A�es e criam novas formas de comunicaA�A?o, principalmente em um cenA?rio em que o alcance da informaA�A?o por fibra A?ptica ocorre de maneira instantA?nea. a�?A capacidade viral de divulgaA�A?o da informaA�A?o atinge pessoas nos mais remotos locais, tornando a internet A?til na mobilizaA�A?o para aA�A�es polA�ticasa�?, explica o professor.
A� essa nova leitura da informaA�A?o que pode promover mudanA�as nas rotinas e nos hA?bitos de comunicaA�A?o preestabelecidos, aponta Marcus. a�?A internet surge como um espaA�o para denA?ncia e, principalmente, como garantia de continuidade do debate. A criaA�A?o de eventos, passeatas, vomitaA�o no Facebook, entre outros, sA?o aA�A�es polA�ticas construA�das no ambiente virtual que permitem que o movimento social seja vistoa�?, frisa.
Entretanto, a exclusA?o digital A� evidente. No Brasil, apenas 50% da populaA�A?o acessa a internet. Por isso, Marcus trouxe A� discussA?o a necessidade de se construir uma luta social em torno da internet que temos e a internet que queremos. Para ele, a inclusA?o digital A� uma questA?o de polA�tica pA?blica, e, para que deixemos de manter uma sociedade desigual e injusta, A� preciso debater sobre o tipo de conexA?o que temos. Das pessoas que tA?m acesso A� internet, quem consegue acessar as pA?ginas? Se essa pessoa estA? conectada, como ela estA? conectada? Quais os locais de busca de informaA�A?o?
Diante desse cenA?rio de incertezas, cabe ao cidadA?o utilizar a internet de uma maneira construtiva e plural. a�?A� preciso ter em mente que os espaA�os privados (Facebook, Twitter, conjunto de pA?ginas dos meios massivos) possuem o viA�s dos donos das corporaA�A�es, mas a internet A� mais do que isso. Podemos navegar por outros espaA�os, como o MA�dia Ninja e o conjunto de pA?ginas dos variados movimentos sociais. NA?o fique restrito A�s grandes plataformas que temos no Brasil, que nA?o sA?o tA?o plurais assim. Busque informaA�A?o para alA�m desses espaA�os, para perceber que o mundo A� muito mais amploa�?, finalizou Marcus Pereira.
*Texto e fotos: Nicole Trevisol a�� Cecom/Seurs 2016.