Docente do IFC relata experiências de ensino de Física para deficientes visuais em livro

O professor do IFC Fábio Evangelista, que leciona Física no Campus Concórdia, escreveu e publicou os volumes 1 e 2 da obra literária “Física para Pessoas com Deficiência Visual – Ensino de Corrente Elétrica” – o último, lançado no dia 29 de outubro. A obra, direcionada a docentes e entusiastas da área, descreve e analisa atividades experimentais sobre corrente elétrica desenvolvidas especialmente para estudantes cegos.

“A ideia dos livros surgiu da necessidade de se atender devidamente este público tão específico. A lei ampara sua entrada e permanência nos centros educacionais; no entanto, geralmente o educador não dispõe das técnicas e ferramentas necessárias para ensinar os deficientes visuais”, explica o autor. Diante disso, o professor tratou de verificar a bibliografia existente sobre o tema – que, segundo ele, é escassa e, em alguns casos, não confiável, já que os métodos descritos não foram aplicados de fato com os alunos.

“Fui então propor uma parceria com a Associação Catarinense para Integração do Cego (Acic), em Florianópolis. Me ofereci para atuar de graça, durante um ano, com aulas de reforço escolar”. conta Evangelista. Durante este tempo, ele trabalhou com três estudantes do curso supletivo da Acic. “Aprendi muito sobre o universo que os envolve. O feedback dado pelos alunos ao final de cada encontro foi essencial para o desenvolvimento das atividades relatadas no livro”, ressalta.

O trabalho de elaboração do projeto prosseguiu depois deste período. “Propus construir uma sequência didática sobre o assunto de Física que eles escolhessem – que, no caso, foi a Eletrodinâmica. E, juntamente, pesquisar a melhor forma de ensinar a matéria para deficientes visuais. Esta segunda etapa demorou três anos, e é ela que descrevo nos dois livros”, conta o professor. “O primeiro volume fala da proposta inicial: montar um tabuleiro em que fosse possível construir circuitos elétricos em série, paralelo e misto, montados pelos próprios alunos. Já o segundo volume fala de uma reestruturação do que foi estudado no anterior e da subsequente reelaboração das atividades. Ao final, foi elaborada uma prova – o que também foi um desafio, que inclusive relato no livro, pois eles não sabiam Braile”.

Os dois livros estão disponíveis para aquisição na plataforma de publicação sob demanda Clube de Autores.

Texto: Cecom/Reitoria/Thomás Müller
Imagem: Reprodução